sábado, 5 de abril de 2014

Sereio





Sesgo, imerso no poço rico
Afluente privilegiado do rio Trovador  
Bordeando o trespasse descendente que goteja,
Na goteira infindável de Deus amor

Com mestria, cria nos areais dos pescadores,
Cardumes tricolores que propagam horizontes…

De rosto marcado de sal
Temperado pela saudade,
Enfrentou a arrebentação com sua nau
 Para lá do Tejo
E com ajuda das mil fontes de um lugar,
Sarpou na mesma direcção que Álvares Cabral.

Velejador de azuis em proa
No altivo céu molhado
Servindo de chão ondulado
Nas raízes do olhar….

Sentinela das estrelas e das rochas que acompanham o baloiçar sonoro das marés em cacho ….
Mártir da espuma e do bradares da água em sal.
Ele é “sereio “ e ao contrário de Proteu, se transforma nas mais belas prosas marinhas, desvendando no seu cantar, as verdades pretendidas …

Estofador de silêncios
Vergados no alto mar,
 Escrevendo,
Salvando os fosseis frutado das palavras naufragadas …
Nos sonhos embarcados…
No constante ruminar das ondas
E nas barbatanas dos pássaros
Que pontua o céu com salpicos de penas
No compasso de suas asas serenas ….

Ele é indiscutivelmente o vento carteiro, que semeia as brisas e espira as lezírias primaveris, navegáveis na poesia sem pé …

Ele é?