Sesgo, imerso no poço rico
Afluente privilegiado
do rio Trovador
Bordeando o trespasse descendente que goteja,
Na goteira infindável de Deus amor
Com mestria, cria nos areais dos pescadores,
Cardumes tricolores
que propagam horizontes…
De rosto marcado de sal
Temperado pela saudade,
Enfrentou a arrebentação com sua nau
Para lá do Tejo
E com ajuda das mil fontes de um lugar,
Sarpou na mesma direcção que Álvares Cabral.
Velejador de azuis em proa
No altivo céu molhado
Servindo de chão ondulado
Nas raízes do olhar….
Sentinela das estrelas e das rochas que acompanham o
baloiçar sonoro das marés em cacho ….
Mártir da espuma e do bradares da água em sal.
Ele é “sereio “ e ao contrário de Proteu, se transforma nas
mais belas prosas marinhas, desvendando no seu cantar, as verdades pretendidas …
Estofador de silêncios
Vergados no alto mar,
Escrevendo,
Salvando os fosseis frutado das palavras naufragadas …
Nos sonhos embarcados…
No constante ruminar
das ondas
E nas barbatanas dos
pássaros
Que pontua o céu com
salpicos de penas
No compasso de suas asas serenas ….
Ele é indiscutivelmente o vento carteiro, que semeia as
brisas e espira as lezírias primaveris, navegáveis na poesia sem pé …
Ele é?